domingo, 23 de novembro de 2008

Problemas novos, soluções antigas.


A história avança e traz as mudanças na dinâmica da nossa vida. Ela é o resultado das novidades que produzimos primeiro ao nível da mente, dos pensamentos e depois da prática do dia a dia. A mesma história, nos últimos registros a partir de 1637, com o filósofo e matemático René Decarte, que propõe um método de pensar, mostra que passamos de uma forma religiosa de ver o mundo para uma forma cartesiana de ver a vida.

Isso implica em que não nos baseamos mais nos velhos conceitos de teologia apenas, mas abstraímos sobre Deus a partir de nós mesmos com método para nossas convicções sobre o que é verdadeiro ou não.
Desenvolvemos, a partir daí, novos conhecimentos. As tecnologias passaram a ganhar terreno em nossas vidas e esse espaço deu lugar ao conteúdo proveniente do resultado de nossos pensamentos mecanicistas.

Com a revolução industrial também mudamos o lugar do status do trabalhador. Agora quem tem as ferramentas é quem manda no outro. Os grandes industriais tiraram os artesãos de suas casas e os transformaram em assalariados profissionais. Veio o crescimento financeiro no meio da família. O tempo passou e rápido passou a estabilidade no emprego. Por causa das novas tecnologias foram precisos novos conhecimentos em novos profissionais. Novos pensadores surgiram no campo do trabalho e novas revoluções tomaram lugar. Na medida em que as máquinas tornam-se obsoletas, a mão de obra humana também.

Em novos tempos, termos como informação, conhecimento, competitividade, tecnologia e competência com agilidade são a tônica do trabalho. Esses conceitos, mais que teorias para os negócios globais, são o moto que estressa a maioria das pessoas conectadas em redes de consumo desmedido e despropositado, sem conexão com o ser.

O ser a que me refiro é o eu, a alma ou se preferir o espírito. É aquilo o que dá consistência à vida, o que dá o propósito e o senso de existência. A razão da vida não é o consumo de coisas, tampouco tem a ver com fazer coleção de objetos. Em um nível mais sutil, não tem a ver com viver de status, mas de desempenhar um comportamento que reflita uma ética, uma vocação. Ser útil através de uma vida produtiva não significa trabalhar em uma fábrica em troca de um salário que lhe dê condições de consumir coisas; significa ser útil num sentido mais amplo, fazer parte de uma comunidade, por exemplo, defender valores para a vida sadia e desenvolver condutas que reflitam os princípios de um mundo melhor, o que inclui a vida profissional.

Ser consumista apenas é ser pequeno. E os sistemas de vida atuais estão fazendo isso com as massas. Refiro-me ao que se vê nas grandes mídias do mundo, na busca por clientes, na massificação da propaganda, na banalização de valores em troca de pontos de audiência.

Arrisco afirmar que o capitalismo é um sistema passageiro e veio para que se desenvolvessem características no homem ainda não estabelecidas. Assim também se deu com os sistemas anteriores. Na medida em que cumprem sua missão, deixam lugar a outro mais necessário.

Os bens materiais, resultado da inteligência aplicada no desenvolvimento tecnológico não têm consistência como centro da natureza humana e isso o homem tem a capacidade de intuir. Porém, roubado que está em sua consciência pelos meios de subsistência e competitividade nos ambientes profissionais, não consegue mais se posicionar adequadamente como um ser em busca de sua humanidade. Transformou-se numa massa heterogênea e moldada ao prazer dos poderosos do mundo. E pelo que é que os donos dos sistemas fazem isso tudo com a massa? Pelo dinheiro que a massa alienada e refém pode lhes dar.

Para ser feliz o homem precisa apenas de si mesmo, ainda que sem prescindir do trabalho, do salário e da matéria nessa busca.
Assim, os casais vivem seus problemas. Esses, configurados conforme nossa modernidade são seus apêndices. Todo casamento, sem distinção vai vivê-los e o que lhes diferencia é o como são encarados e administrados.
Porém, novos ou antigos, as soluções para os problemas são sempre as mesmas. Há que se desenvolver as habilidades que desencadeiam as soluções.

Os problemas
A mulher bisbilhota o celular do marido em busca de alguma pista que denuncie uma possível “escapada” do cônjuge ou que justifique a própria insegurança.

- quem é essa tal de Gisele que te mandou esse torpedo?
- Quem?
- Gi-se-le, soletra com ar de te peguei.
O homem, franzindo a sobrancelha tenta lembrar.
-ah sim. É a mulher da empresa de moto boy de quem eu contratei o serviço ontem confirmando a entrega dos documentos.

Os aparelhos eletrônicos podem se transformar em meios de discórdia no lar, ainda que não tenham sido criados para isso.

Uma vizinha descobriu que seu marido tinha um segundo relacionamento que foi desenvolvido através das salas de bate papo, os famosos chats de internet.

A esposa verifica a página do site de relacionamento do marido:
-quem é essa piranha que te enviou esse recado no seu Orkut?
-sei lá, esse Orkut é terra de ninguém, as pessoas entram na minha página porque querem.

Imagine se as portas de nossa casa fossem abertas a quem quisesse entrar e vasculhar nossa intimidade, deixar sua opinião e sair como entrou, sem ser chamado. As facilidades que a tecnologia de telecomunicação nos dá, exige do homem o uso de modelos de relacionamento. O excesso de liberdade confunde-se com libertinagem, desfaz velhos padrões e confunde os conceitos de relacionamento.

O velho: “entre e fique a vontade”, não faz o menor sentido nos ambientes virtuais de relacionamento, ali o que vale é o entre, mesmo sem ser convidado. Os contatos são facilitados pelas conexões, basta acessar a rede virtual e pronto entramos na intimidade de qualquer um que tenha seus detalhes depositados na internet.

Temos uma vizinha que nunca bate na porta de casa, vai entrando e falando o que quer como se já estivesse na sala o tempo todo. Qualquer dia desses pode encontrar alguém em situação inesperada. Essa parece já ser uma vítima da desconstrução dos limites de educação nos relacionamentos que os meios virtuais facilitam.

Disputas de poder para assistir o filme, a novela, o documentário no horário programado quando o outro também quer assistir a TV em outro canal. Discussões por causa de quem tem o direito de acessar a internet num momento ou noutro.
-mas eu tenho um e-mail urgente pra enviar agora!!!
-e eu preciso ver se meu professor da pós-graduação aceitou meu trabalho!!!

Diálogos como esses nos levam a comprar mais coisas. Afinal é melhor que cada um tenha sua televisão e seu computador e seu celular, etc. ainda bem que fogão tem várias bocas desde sempre e um só ainda alimenta as várias bocas de uma casa. Já imaginou uma cozinha em cada quarto? Certamente alguém ia faturar mais com os cursos de culinária..
Pensando bem, algumas criações antigas pensavam no compartilhamento, as mais atuais pensam no individual.

Seja como for, a vida corre e precisamos conviver!

Nosso foco aqui são os problemas e suas soluções.

Espaços e coisas a compartilhar.
Vejamos por onde passam os problemas. Temos nas famílias uma necessidade de paciência e entendimento diferente da que temos com pessoas de fora de nossa casa. É uma condescendência maior, é ceder mais que o normal. Não há medida para isso.
Os pais com filhos cedem a TV para os mesmos, porém, devem decidir quais os programas permitidos conforme seu modo de ser e sua visão sobre o que é bom para as crianças desde que se observe a faixa etária. Mesmo cedendo têm seus programas preferidos e até necessários, os quais devem ser conhecidos dos pequenos para que respeitem esse tempo como sendo do pai ou mãe. Elas devem ter seus filmes e também podem ter sua própria televisão, mas nada substitui a companhia dos pais em todos os momentos. E nos momentos em que não estiverem juntos, as crianças devem seguir as regras dos pais.

Ainda com os filhos, os pais compartilham o mesmo espaço do banheiro. Nesse caso, os limites devem seguir a observação da faixa etária. Acima dos oito anos as crianças começam a incluir uma visão diferente sobre o corpo a após os doze ou treze anos, já entendem sensualidade, ainda que algumas sejam mais precoces nesse aspecto, influenciadas pelos meios de mídia, principalmente a televisão, a internet e os jogos.

As crianças necessitam e esperam que seus pais cuidem deles. Os limites, as regras, a companhia, o reconhecimento, o afeto, o ensino, são os elementos que vão construir o caráter de seu filho, sem eles a criança ainda assim vai aprender, resta saber o que e de quem.

A escola tem sua parcela de responsabilidade na educação de nossos filhos e seguem suas regras. Os pais devem estar por dentro dos conteúdos educacionais ministrados para seus pequenos nas instituições que escolheram para eles. Compartilhar esses conteúdos com os filhos vai-lhes dar um senso de segurança e confiança para continuar.

Internet e televisão não precisam representar monstros ou inimigos desde que bem direcionados. Doses diárias de no máximo duas horas para seus filhos de até os seis anos devem ser um limite. Filtros para sites impróprios são recomendados, caso você nem sempre possa estar por perto quando eles acessam a rede. As novelas podem conter cenas de sexo e violência, bem como os filmes podem trazer imagens e contextos que causem medo e confusão por serem impróprios para a idade. As crianças devem ser observadas no dia a dia com relação a alterações de comportamento, e caso ocorram, decisões devem ser tomadas com relação a restrições de programas a assistir.
Dialogar sobre conteúdos que são vistos também deve fazer parte da rotina. Criança bem direcionada é um adulto que não se puni.

A divisão das tarefas.
O marido nunca fica de fora da criação e cuidados dos filhos, pelo menos não deve.
A mãe conduz esses cuidados até próximo da adolescência, quando a ação paterna entra com mais vigor. A mãe representa o cuidado e o afeto e o pai representa a lei, ainda que isso não precise ser uma regra.

O pai também conta estórias para as crianças dormirem e a mãe também deve estabelecer regras de comportamento em casa. A autoridade deve ser desempenhada pelos dois, cada um ao seu modo e sem nunca tirar a autoridade do outro. As dúvidas e desacordos sobre as regras estabelecidas, bem como sobre as ordens dadas devem ser discutidas longe da presença dos filhos.
Os pais devem evitar ao máximo brigarem diante das crianças. Nunca chegar a extremos, e usar um tom de voz que seja sempre adequado ao diálogo, evitando sempre a gritaria.

Diálogo com olho no olho é sempre a melhor saída. Imposições podem levar ao medo, à mágoa e ao ódio. Uma boa conversa com humildade pode fazer milagres em qualquer relacionamento que esteja balançado. É na busca do entendimento que se chega a um termo. As crianças com pais que dialogam são mais seguras e tranqüilas.

A criança não precisa ser tratada como bebê ou como imbecil até a maioridade, mas precisa ter seu espaço garantido em todas as situações que a envolvam. Não é bom que se sinta excluída, como também responsável por tudo. Tentar fazê-la culpada por tudo o que acontece é um grande erro que torna a criança uma pessoa com baixa auto-estima. Afirmar pra criança que ela não é capaz de realizar uma tarefa é cruelmente eficaz, porque ele acredita nisso e passa a não desenvolver bem suas habilidades.

Uma das responsabilidades dos pais com seus filhos é com relação à vocação dos mesmos. Cada pessoa tem uma vocação para a qual nasceu e deverá descobrir qual seja esta de maneira que encontre o caminho de sua felicidade e utilidade na vida. Caso contrário pode se tornar apática e infeliz, tendo problemas infindos no âmbito profissional. Os pais, portanto devem ajudar seus filhos na busca dessa vocação e estimulá-los nesse sentido.

Essas dicas são colocadas com relação a pais e filhos por um motivo muito especial.

Tudo o que pode ser usado com as crianças também o pode com seu parceiro. Veja que, apesar de considerarmos à parte o fato de ser um adulto com quem nos relacionamos, a grande maioria das dicas acima pode ser usada com o seu parceiro.

Regras, afeto, diálogo, reconhecimento são aspectos da relação que precisam ter um controle de ambas as partes, afinal, quase tudo o que temos com o outro é a possibilidade de um relacionamento. Se a qualidade do relacionamento não recebe o investimento necessário, ele se deteriora, assim como tudo nessa vida. Por isso, invista em seu relacionamento. Trate seu parceiro com o mesmo cuidado com que trata uma criança. Saiba que a delicadeza do humano é grande. Que o humano é um ser em construção, que tem dúvidas e conflitos, que tem carências e desejos, que vive de afinidades, que se motiva a fazer coisas as quais espera sentir algum prazer ou senso de utilidade, entre tantas outras coisas.

Somos um universo de possibilidades e precisamos encontrar alguém que queira explorar o sentido da vida, a riqueza da alma, a alegria de viver, o equilíbrio, o entendimento e o crescimento mútuo. Alguém que queira nos ouvir e saiba ouvir, cativar e ser cativado, confiar e ser confiável, que contribua e aceite nossa contribuição, enfim alguém que faça diferença em nossa vida.

A felicidade e o outro.
Certamente cada um só dá o que tem. E há dois pontos a serem considerados aqui. Um é o relacionamento como uma via de mão dupla e que depende do compartilhamento. Outro é o posicionamento individual.

O que tratei até aqui foi no aspecto do relacionamento compartilhado. Quando falo em posicionamento individual no relacionamento, me refiro a como cada um se conduz dentro desse relacionamento. Como se posiciona.

Minha visão sobre isso é que eu devo olhar o outro como alguém para fazer feliz.

Nesse ponto quero deixar claro que aquele que não busca sua própria felicidade tampouco poderá se tornar feliz através de outra pessoa. Dessa forma, para que minha fala não se torne sem efeito, necessário se faz uma correção para um melhor entendimento. Para mim, fazer o outro feliz não significa transformar a pessoa de infeliz em feliz, mas proporcionar que sua felicidade possa ser vivida na plenitude ao seu lado.

Relembro o que já disse nesse capítulo, só precisamos de nós mesmo para ser felizes. Ninguém pode fazer outra pessoa feliz. Dinheiro ou bens não traz a verdadeira felicidade que invariavelmente vem de dentro, vem da alma, do ser. A felicidade procede de um relacionamento vertical e não horizontal, portanto não perca tempo de sua vida buscando sua felicidade no outro ou tentando fazer o outro feliz. O máximo que podemos fazer através de um relacionamento é vivermos nossa felicidade com o outro.

O ideal para o casal com relação à felicidade é que cada um o seja em si mesmo, viva-a, compartilhando com o outro e também proporcione maneiras de o outro viver a sua a seu lado.

Gosto de uma frase de Shakespeare sobre isso: “Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais”.

Não tenho a pretensão de esgotar esse assunto, mas gostaria que as pessoas ao lerem esse capítulo pudessem experimentar a possibilidade que existe em seus corações de viver uma vida a dois muito satisfatória.

A realidade.
Temos uma vizinha que grita com seu filho único cada palavra que lhe dirige e ao final de cada frase termina com “que saco”. O marido não fala nada e só dá risada.
Outra vizinha que grita com sua filha mais velha e nunca com seu filho menor, de outro pai. A mais velha já gritou de volta que lhe odeia por várias vezes e o pequeno vive gritando para elas pararem.

Um casal que teve problemas com marginais porque seu marido advogado defendeu uma causa criminal e foram ameaçados de morte tiveram que se separar; a esposa e os filhos mudaram de estado e o marido permaneceu só.

Marido e mulher de uma família aparentemente perfeita brigam durante a reforma do apartamento, o marido diz que ela é uma maldição em sua vida.
Uma esposa se vê constrangida a pedir perdão para a sogra com quem havia brigado e não conversava por anos após a mesma ficar doente e precisar de sua ajuda.

Esposa sai de casa porque não tinha a atenção do marido que dedicava à sua mãe e irmãos.

O marido alcoólatra nunca reconheceu os cuidados e paciência da esposa dedicada e amorosa até que começou a cair na rua e ficar doente.

O marido separa-se por não concordar com a religião da esposa.
São apenas alguns dos casos que presenciamos ao longo de nosso casamento. Muito mais e piores coisas ouvimos falar ou presenciamos de longe.

No casamento não existem regras que possam torná-lo perfeito, por isso falo da vontade que deve ser aplicada com força e propósito.

Casamento é uma idéia de união perfeita que só se sustenta com o propósito claro e bem definido de ambas as partes, além da ação no sentido do bem comum do casal.

Engana-se quem pensa que tudo pode se conduzir sem esforço e paciência. Muitas vezes frustra-se um plano por amor do parceiro.

A união deve ser vista como uma grande oportunidade de crescimento comum. Conhecemos muito do outro ao longo do tempo. Ninguém permanece a mesma pessoa por toda a vida e o casal deve se adaptar todo o tempo com o parceiro, sabendo que o outro se torna semelhante a você em função da convivência, bem como você adota em sua personalidade alguma característica do outro.

O amor maduro aparece ao longo do tempo e cresce junto com o respeito, a confiança e a cumplicidade. Acostumamos com as manias e respeitamos as limitações. Aprendemos a conviver com o que não nos agrada no outro, bem como com suas virtudes.

Enfim, para resolver problemas, seja modernos ou antigos, nada como estabelecer e perseguir propósitos juntos. Traçar metas que estejam de acordo com a vontade de ambos e na medida de suas capacidades.

O mais importante é que tudo seja conversado e esclarecido ao longo da relação. Que saibam buscar ajuda fora de casa quando não conseguem resolver suas questões entre quatro paredes. Que, acima de tudo, tenham como base do relacionamento, a preservação da união a qualquer custo para que o amor permaneça e tenha seu espaço garantido para o crescimento.

Assim o amor será a tônica principal do casal e será mais fácil suportar as agruras da vida a dois.

sábado, 6 de setembro de 2008

Casamento como ideal.


Quando eu tinha dezessete anos minha mãezinha, infelizmente nos deixou para sempre. Desde então meu pai passou a procurar uma nova companheira que fosse uma nova esposa para ele e uma nova mãe para seus três filhos. Anos depois, quando eu já estava com vinte, meu pai trouxe para casa uma namorada com duas filhas, que seriam nossas irmãs. Começava, assim, uma estória de grandes diferenças.

Diferenças sociais e de família que só o amor de uma grande união pode sobrepujar. Assim, conheci minha futura esposa. Aquela que deveria ser minha irmã tornou-se minha melhor amiga em muito pouco tempo. Dai para um namoro firme não demorou muito.

Apesar de muita resistência de meu pai e de minha madrasta, nosso amor acabou passando por cima de tudo e de todos. Um amor tão forte e duradouro que nada nesse mundo poderia separar.

Assim, seis anos depois de iniciado essa relação tão inusitada, ficamos grávidos e resolvemos oficializar nossa união definitivamente através dos laços do matrimônio.

Casamos apenas no civil, mas mantemos ate hoje o sonho de casarmos no religioso, um objetivo que ainda não conseguimos realizar. A data escolhida foi 28 de setembro de 1991 e nosso primeiro filho nasceu em 19 de dezembro do mesmo ano.

Contrariando várias regras sociais, nossa união encontrou entre outras coisas, a reprovação de muita gente por ser diferente do padrão.

Firmados basicamente no amor verdadeiro, continuamos nossa jornada e hoje somos cinco, com mais um casal de filhos. Nossos dois novos filhos nasceram sete e nove anos depois do primeiro e no mesmo dia, por isso, no aniversário dos dois sempre fazemos uma mesma festa com dois bolos diferentes e decoração também diferente.

IRMÃOS EM COMUM

Meu pai separou-se da mãe da minha esposa menos de dois anos depois da união deles. Dessa união nasceu uma filha que é minha irmã e cunhada em comum, pois, sendo filha da minha sogra com meu pai, é irmã e cunhada da minha esposa também.

Quando contamos esse fato para as pessoas sempre nos divertimos com a confusão criada na cabeça das pessoas. Uma união diferente com uma sólida estória de amor é como eu defino meu casamento.

O resultado disso é uma família feliz e cheia de amor.

Ao longo do tempo nunca vimos problemas em nossa relação até porque nossos pais nunca se casaram oficialmente, apesar de terem ganhado uma filha juntos. Sempre vivemos muito próximos dessa nossa irmã e até ajudamos a criá-la desde que nasceu.

Ao longo de nossos vinte anos de união somando namoro e casamento, fomos padrinhos de oito casamentos. As pessoas nos convidavam por ver em nossa união um modelo de relacionamento o qual queriam ter para si. Acabamos ouvindo de muitos casais e namorados o comentário de que nosso relacionamento é um incentivo para sua união e um modelo de casamento. Para nós sempre foi natural essa caminhada de amor. Não entendemos muito bem porque é que tantos casais se separam atualmente e por motivos tão banais. Vemos no casamento uma grande oportunidade de ampliar a capacidade de relacionamento e desenvolver o afeto, o carinho e o respeito pelo outro.

Passamos por muitos desafios no decorrer do tempo. Desemprego, contas atrasadas, doença dos filhos, mas nada disso enfraqueceu nosso amor. Ao contrário, estivemos cada vez mais unidos e fortalecidos. Quando não tínhamos dinheiro para lazer, bastava um passeio no parque ou algumas esfihas para uma boa diversão em família.

Então, apesar das circunstâncias, sabemos que nossas diferenças fazem uma grande união.

Queremos continuar juntos para sempre. Já combinamos até de envelhecermos juntos e cuidarmos um do outro até que a morte nos separe.

Descobrimos que não há coisa mais gostosa do que estar unido em amor com nossa parte mais diferente.

A NECESSIDADE DE RENOVAÇÃO

Certamente que nem sempre foi fácil manter nossa relação de forma harmônica. Brigas foram poucas, mas, houve. O que mantém um casal unido depois de uma briga não é o arrependimento, mas o plano. É oportunidade de crescimento que se discuta os pontos conflituosos. São as arestas que precisam ser retiradas. E isso, todos temos.

Afinal, ninguém é igual a ninguém e pela diferença se conquista a habilidade de se relacionar.

O mais importante é estar sempre disponível para o diálogo e disposto a resolver. Num casamento, uma discussão não pode motivar uma separação, mas, cem discussões podem enfraquecer o amor. Então, é necessário ter em mente um combinado, que deve ser feito quando os ânimos estão calmos e o amor em alta: Aconteça o que acontecer, vamos estar sempre juntos

Se uma discussão tem poder para motivar uma separação, então isso significa que muita coisa já aconteceu antes pra motivar a separação. Caso o casamento seja muito recente, então, errou-se no motivo do próprio casamento. Pois um casamento ideal deve ser pra sempre. Aliás, essa idéia de casamento ideal é bem interessante de ser abordada.

O que é um casamento ideal?

Existe isso?

Partindo do pressuposto que um ideal é algo a ser perseguido e vivido, então se entende que muito de um casamento não é real, mas apenas vive na imaginação.

O filósofo Platão descreveu essa questão do ideal como algo sublime que vem dos planos elevados do ser.

A teoria das idéias propõe que o mundo factual tem por trás de si uma lei objetiva. Assim como essa lei não é do mundo concreto, mas, sutil, há, também, as idéias que são, como no caso da lei objetiva sutil, pertencentes ao mesmo mundo não fenomênico. Ou seja, as idéias não são construções intelectuais individuais, mas substâncias provenientes de outro mundo de realidades. São, portanto, realidades objetivas de outro plano, das quais as coisas concretas são cópias imperfeitas. Seríamos, portanto, seres imperfeitos, a caminho de nos tornarmos homens conforme o modelo “ideal”.

Uma flor teria por ideal plasmar a beleza. A água corrente de uma nascente teria por ideal plasmar a fluência do espírito que significa a vida no grande organismo que é a terra. Uma águia seria o ideal mais elevado de ser alado com sua capacidade de elevados vôos e de visão de longas distâncias.

Qual seria o ideal do casamento?

Cada ser nesse imenso planeta, vivendo nesse imenso cosmo, tem um propósito. Cada ato traduz uma intenção que carrega uma carga de substância a plasmar algo. Uma vida consciente é, portanto, a melhor maneira de se construir o que há de mais elevado no sentido dos ideais. Nossos ideais devem nos remeter ao cume mais elevado do arquétipo humano. Assim, o casamento, como um arquétipo, vindo do mundo das idéias, traduz uma vontade do Ser Maior que criou todas as idéias perfeitas do ser humano aonde vamos nos basear.

Casamento como união deve ser, portanto, um fim em si mesmo. Casamos a fim de estarmos casados. Por isso se justifica o selo matrimonial da cerimônia católica que encerra com: “na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza, até que a morte os separe”. Casados.

É por isso que na tradição Cristã existe a idéia do cordão de três dobras no casamento que se traduz na união entre o marido, a mulher e Deus representado na figura de Jesus Cristo.

O casamento traduz aquilo que se completa. Um homem e uma mulher representam perfeitamente essa idéia. A união de dois que se tornam um e geram vida como fruto é a prova de que esse é um ideal perfeito.

O desafio da convivência

O grande desafio do casamento é conseguir vivenciá-lo na dimensão do ideal.

Venha o que vier, seja o que for, há um ideal que está acima de tudo no dia-a-dia.

É um princípio, e como tal, não se discute. Quebrá-lo é adulterar. E isso é a maior infâmia para um ser que, já imperfeito, retrocede no processo de uma vida que busca elevar-se no difícil plano do vir a ser. Pois, a busca do viver o ideal é a procura constante e incontinente do princípio da união que se chama casamento.

Buscar algo menor que isso não será digno do casamento. O ideal do casamento traduz uma das formas de se plasmar a união com o ser divino.

O casamento também fornece uma elevada oportunidade de plasmar o relacionamento ideal.

Estar casado é ter a oportunidade de desenvolver a capacidade de relacionamento. Entre tantas, é uma das maiores oportunidades de crescimento nesse quesito, tão esquecido nos dias atuais.

O distanciamento que o mundo moderno gerou com suas tecnologias e o medo insuflado nas mentes pela realidade da violência, entre outras formas de modelos não ideais, faz de nós, reféns de uma vida menor, medíocre, de poucos relacionamentos significativos. O casamento, em seu ideal de união é uma excelente forma de consagrar essa necessidade humana.

Qual é nosso maior desafio como seres humanos senão os relacionamentos?

A maior quantidade de motivos de diálogos que se tem é alimentada por assuntos ligados a diferenças e dificuldades em relacionamentos humanos. Discussões acaloradas no ambiente familiar são sempre motivadas pelas dificuldades nesse plano das relações onde todos se conhecem, mas nem sempre se respeitam. No ambiente profissional, a disputas são o fator de motivação. Nada mais equivocado para o crescimento relacional.

E os equívocos não terminam aqui. Nossa cultura está permeada de desencontros nos valores para a convivência. É que ela não é estimulada, mas a individualidade sim. Vivemos uma era, onde a educação busca formar um ser produtivo e não um ser com substância autônoma, uma individualidade criativa. Esse paradoxo impetra no seio da família o conceito da competitividade por um lugar ao sol e não uma humanidade por uma vida digna.

Afinal, que resultados buscamos em nossa vida? Queremos estar casados, mas não fazemos questão de um relacionamento ideal?

Toda nossa vida deve ser vida como um ideal. Ainda que não consigamos plasmar sua perfeição, sua busca não se acaba. Essa deve ser a razão de nossa vida, materializar uma vida perfeita, feliz. E uma vida assim, é uma vida ideal, de valores bem definidos. Os equívocos devem ficar de fora.

Os frutos de um relacionamento como esse deverá nos fazer provar os frutos com sabor do néctar divino da alegria, onde os problemas são apenas, os caroços.


Os frutos do casamento

Quais frutos podemos esperar de um casamento ideal?

União estável é o primeiro.

Sim, pois se toda a razão do casamento é estar unido pelo ideal, e esse ideal deverá se traduzir em felicidade, alegria, valores elevados e crescimento, nada melhor do que permanecer nesse propósito.

Todo o propósito deve ser mantido pelo exercício da vontade. Daí que nossa vida é uma atividade dinâmica de manifestação da vontade. Sendo essa vontade, delineada por um ideal superior, viveremos uma vida plena.

Querer conviver manifestando um relacionamento apoiado num ideal de casamento feliz. Esse é o propósito para os que ambicionam ou já estão nesse caminho.


Valores sólidos é outro fruto.

Ao olhar dentro dos olhos de sua esposa ou marido, você poderá ver um ser simples, mas com uma presença inegavelmente forte. Você não consegue negar a existência de um ser ao olhá-lo nos olhos. Somos uma força viva e caminhamos por valores.

Os valores do casamento, enquanto união perfeita constitui uma das bases para a continuidade do ser: a união com o outro. Não nos completamos no outro, mas, nos completamos com o outro.

Ao me completar na união com o outro, vivo considerando o outro como uma fonte de oportunidade de ser sempre melhor. O outro passa a ser o melhor motivo, a maior oportunidade que tenho de vir a ser.

Isso não é um apoiar-se no outro, mas aproveitar a união para desenvolver o ser. É ser o melhor que posso me tornar na prática da união com o outro.

Poucas são as oportunidades que temos para isso na vida. A união do casamento é a melhor delas. Outra é a amizade. Outra é a comunhão em círculos de relacionamento, como igrejas e agrupamentos afins.

As maiores causas de separação são o egoísmo e as incompatibilidades. Esses casais passaram longe do modelo do casamento ideal. È claro que um casamento também pode dar errado por outros motivos que não o egoísmo e incompatibilidades do casal, mas esses motivos estarão sempre presentes em torno do motivo da separação, seja por causa dos filhos, seja pelos parentes próximos. As causas de uma separação estarão quase que invariavelmente ligadas a estes dois motivos, seja direta ou indiretamente. Resolvidos esses motivos e trabalhando nos princípios da união, qualquer casal pode ficar junto por longo tempo e curtindo excelentes momentos e crescimento mútuo.

Separatividade e separação em todos os níveis.

O que separa vem de fora, o que une vem de dentro. O que o mundo nos oferece, o que vem de fora, pode estimular em nós as buscas egoístas. Viver em razão de uma vida de riquezas, ou de status e poder unicamente pode ser perigoso para quem quer uma vida de relacionamento. Não digo que seja impossível, mas incompatível. Buscar dinheiro, status e poder pode não ser mau em si mesmo, as intenções pelas quais se busca sim. O foco, a energia que se coloca nisso, a medida do esforço e a intenção que se tem para o uso desses valores é que podem ser perigosos. Ter isso como único alvo é o erro.

A separatividade também está incutida na alma como uma ilusão. É a maior de todas.

Isso é desenvolvido em nosso ser por causa das ilusões da busca que o mundo nos oferece. Acreditar que existe um futuro onde devemos ser outras pessoas é uma ilusão que cria um modo antinatural de vida. Uma tensão se instala e não se vive a consciência do presente. Viver um futuro inexistente é viver uma ilusão, uma inverdade. Viver buscando respostas no passado é outra ilusão que enfraquece o verdadeiro ser. Tanto o passado como o futuro habitam, ambos no presente. A verdadeira vida está toda no presente.

A separatividade é desenvolvida a partir do momento que se começa a buscar ser o que não é. A sociedade nos impõe regras a partir de modelos baseados em consumismo, isso gera uma corrida que nunca será satisfeita, produzindo ansiedade e frustração. Conseqüentemente o medo se instala e impossibilita a visão do verdadeiro ser interior.

Nesse estágio manifesta-se os aspectos do nível emocional. Vaidades e orgulho são os mantenedores de um estado que tende a se perpetuar caso não se quebre esse círculo vicioso.

Para se livrar disso só mesmo uma tomada de consciência de si mesmo. Ampliar suas percepções interiores para sair dessa roda do destino materialista e egocêntrico.

É na visão da individualidade que está a saída. Num posicionamento íntegro. Numa vida ética, coerente e harmônica. Não se pode mudar a sociedade e os costumes, mas pode-se viver de acordo com princípios de vida, apesar da sociedade. Não precisamos buscar obstinadamente nos tornar aquilo o que os modelos de negócios nos impõem. Não precisamos usar a moda que nos mostram e sairmos pelas ruas uniformizados, em função do pensamento de alguns que só visam ganhar sobre nós. Não precisamos possuir tudo que se produz de tecnologia e quinquilharias que se expõe pelas vitrines das lojas. Viver assim é viver para os outros, é viver uma ilusão que causa paralisia da energia vital e cegueira da alma. Assim tornamo-nos concorrentes e não individualidades. Ser um concorrente é estar separado. Viver assim é alimentar a separatividade.

Casamento ideal não existe na prática, o que existe é a busca, na prática, do ideal de casamento.

Viver isso a cada dia pode ser o melhor para um casamento feliz. É o mais difícil para um mundo que só oferece facilidades. Mas, das facilidades que não trazem felicidade ao trabalho constante que promove a felicidade eu prefiro o mais difícil.

Maõs a obra.

domingo, 11 de maio de 2008

A Ética da Vontade no Casamento


Temos dois modos de vivermos nossa vida. Uma é pela vontade dos outros e outra é pela nossa vontade própria.
Meditei nisso e percebi que em muitos momentos, a maioria deles, vivemos uma mescla dos dois. Em certos momentos é nossa vontade que prevalece e em outros não. Por vezes a vontade do outro é o melhor pra nós, em outras é a nossa vontade que é melhor para o outro. Mas nunca devemos viver sem vontade própria.
Buscamos um modo de viver que nos satisfaça e não deve ser apenas as vontades do corpo, do bolso, da emoção e da razão. Não podemos perder de vista nossa vida espiritual que também se manifesta por vontade.
Gostaria de colocar o tema vontade com a grande importância que merece. É que me refiro a uma vontade que não tem a ver apenas com desejo. A vontade que me refiro não é como o desejo de ler um livro, comer ou beber, divertir-se, fazer compras, falar com alguém, etc. Falo de uma vontade mais profunda, uma vontade que habita na raiz de nosso ser, que determina os rumos de nossa vida. Tomar um sorvete pode significar um desejo realizado, uma vontade conquistada, mas não decide os rumos de nossa vida num contexto maior. E é disso que quero falar, os rumos de maior extensão em nossa vida. Em especial no que se refere ao casamento; a vida a dois.
É um tema muito pouco explorado, mas de excepcional importância na vida do ser humano, a questão da vontade superior. Essa qualidade de vontade é a que coloca o carro no caminho que nos leva a um destino determinado, apesar de nem sempre definido.
Essa é a vontade da alma.
Os orientais chamam essa vontade de mental superior ou abstrato. Trata do subjetivo, da imaginação, está mais relacionado com o Eu Superior ou Crístico, com a Individualidade. É o Corpo Causal, é causa, detentor da vontade e imaginação, é normalmente o gerenciador dos programas e ações do ser. Apega-se facilmente ao mando e poder, é o nível que tem o atributo do domínio do meio onde o ser vive, podendo por alguma contrariedade reagir negativamente a esse meio.
Na Wikipédia, a enciclopédia eletrônica, o termo vontade é descrito assim:

Vontade é a capacidade através da qual tomamos posição frente ao que nos aparece. Diante de um fato, podemos desejá-lo ou rejeitá-lo. Ante um pensamento, podemos afirmá-lo, negá-lo ou suspender o juízo.

Para os filósofos Santo Agostinho e Descartes, vontade e liberdade são a mesma coisa: a faculdade através da qual somos dignos de louvor, quando escolhemos o bom, e dignos de reprovação, quando escolhemos o mau.

Agostinho e Descartes concordam em que o fato de nós humanos termos vontade nos torna responsáveis pelas nossas decisões e ações. A dimensão moral do homem decorre do fato dele ter vontade.

Em Agostinho, a escolha digna de reprovação é pecado. Em Descartes é erro. O pecado é uma falta religiosa oriunda da vontade. O erro é uma falta moral ou epistêmica. Moral quando a falta oriunda da vontade é prática. Epistêmica quando a falta oriunda da vontade é teórica.

Agostinho e Descartes também concordam em afirmar que o fato de termos vontade não só nos torna responsáveis por nossos atos e decisões como também livra Deus de qualquer responsabilidade sobre a mesma, tal como explica a teodicéia.

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Na Bíblia temos o conceito de que a vontade de Deus opera em nós, vemos isso atravéz do salmo:

Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração. Salmos 40:8

Para o conceito filosófico dos clássicos Gregos, como Aristóteles, por exemplo em sua Ética a Nicômaco, a vontade é boa quando busca o que é bom e rejeita o que é mal.
Aristóteles aborda o tema da ética em uma profundidade madura e de forma sistemática vai colocando o assunto de maneira que ele seja um motivador de nossas ações práticas. Para ele, a felicidade se atinge na medida em que se busca o bem supremo na vida. Afirma que tudo o que buscamos, o fazemos pela felicidade própria, que buscamos as coisas pelo bem que elas nos podem proporcionar e que o bem supremo que existe em todas as buscas é a felicidade.
Nesse ponto a bíblia corrobora com a passagem onde mostra que a qualidade da vontade pode ser aprendida:

Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana. Salmos 143:10

Voltando a Aristótels, a vontade para ser boa precisa ser aplicada com prudência para que atinja a excelência moral. Para Aristóteles, a excelência moral não é emoção ou faculdade, mas disposição da alma - exatamente uma disposição para escolher o meio termo.
É nesse ponto que eu quero chegar, a vontade do homem deve ser usada com prudência, voltada para o bem comum e supremo.
Num casamento perfeito, portanto, a vontade de um deve ser para o bem do outro, para a felicidade mútua, pela busca prudente do bem supremo do casamento.
Os Cristãos reconhecem em Deus a fonte da vontade para a busca do bem supremo que é a felicidade. Assim, oram o Pai Nosso, que afirma em uma de suas súplicas: "Seja feita a sua vontade."
Ainda conforme o relato bíblico, essa capacidade de boa vontade foi encarnada de forma perfeita em Jesus o Cristo quando de seu nascimento anunciado pelos anjos:

E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.Lucas 2:13-14


No livro Convite a filosofia de Marilena Chauí a vontade faz frente ao desejo e posiciona-se de forma vantajosa:

A vontade difere do desejo por possuir três características que este não possui:

1. o ato voluntário implica um esforço para vencer obstáculos. Estes podem ser materiais (uma montanha surge no meio do caminho), físicos (fadiga, dor) ou psíquicos (desgosto, fracasso, frustração). A tenacidade e a perseverança, a resistência e a continuação do esforço são marcas da vontade e por isso falamos em força de vontade;

2. o ato voluntário exige discernimento e reflexão antes de agir, isto é, exige deliberação, avaliação e tomada de decisão. A vontade pesa, compara, avalia, discute, julga antes da ação;

3. a vontade refere-se ao possível, isto é, ao que pode ser ou deixar de ser e que se torna real ou acontece graças ao ato voluntário, que atua em vista de fins e da previsão das conseqüências. Por isso, a vontade é inseparável da responsabilidade.

O desejo é paixão. A vontade, decisão. O desejo nasce da imaginação. A vontade se articula à reflexão. O desejo não suporta o tempo, ou seja, desejar é querer a satisfação imediata e o prazer imediato. A vontade, ao contrário, realiza-se no tempo; o esforço e a ponderação trabalham com a relação entre meios e fins e aceitam a demora da satisfação. Mas é o desejo que oferece à vontade os motivos interiores e os fins exteriores da ação. À vontade cabe a educação moral do desejo. Na concepção intelectualista, a inteligência orienta a vontade para que esta eduque o desejo. Na concepção voluntarista, a vontade boa tem o poder de educar o desejo, enquanto a vontade má submete-se a ele e pode, em muitos casos, pervertê-lo.


O propósito desse tema é o de mostrar que todos nós temos a vontade como um atributo que delineia nosso caráter, nossa personalidade e nossa ética moral.
Assim, cada componente do casal tem em si mesmo a capacidade de escolher os elementos que vão formar os conteúdos internos para o bom relacionamento com o outro.
Ao longo do convívio, portanto e dependendo das escolhas de cada um, o destino do casal pode ser de felicidade mútua ou de separação com discórdia. O meio termo seria algo como um convívio neutro onde, um pouco toma conhecimento do outro, ou uma separação, onde os dois se preferem distantes ainda que amigos.
A vontade precisa ser treinada, ainda mais essa vontade superior. A vontade espiritual dos componentes da dupla estará na posição correta quando buscar em primeiro lugar o seu desenvolvimento pessoal, espiritual, depois o bem estar do outro.
É necessário que cada um deles tenha seu amor próprio desenvolvido, que o relacionamento não seja de dependência, onde um, só se torna pleno através do outro. Ou de co-dependência, onde os dois se completam nas virtudes do outro.
É importante que se saiba que o desenvolvimento espiritual é pessoal e intransferível, ou seja, não deve haver laços de dependência no processo de crescimento da consciência do ser, mas individualidade. A convivência permite que cada um tenha seu espaço preservado pelo respeito, amor e apoio do outro.
Esse desenvolvimento culmina na plena integridade do caráter do indivíduo. Sendo um casal, vai se perceber um convívio onde, cada um se manifesta de forma única, porém com fins mútuos.
Essa é a beleza do casamento.
A vontade de ambos deve incluir a continuidade da relação, assim, qualquer revés trás em si mesmo a continuidade da união, junto com a busca da solução do problema.
Imagine um casal que se uniu desejando que seu cônjuge lhe completasse as deficiências e debilidades da alma. Essa é um tipo de união corriqueira, onde uma ou ambas as partes vê no outro um complemento e não um acréscimo. Caso um dos componentes da união venha a faltar, seja por separação ou por morte, o outro vai se sentir perdido e sem o apoio no qual se colocou em dependência para viver.
A visão do complemento tem apoio nos aspectos da personalidade e do temperamento. As questões passionais e de caráter físico, envolvendo os desejos carnais e de acasalamento desenvolvem muito bem quando apoiados no outro como complemento. Já as questões da alma estão voltadas ao eu superior, ao indivíduo (de indiviso, indivisível). O indivíduo é em si mesmo a razão única de sua história, uma cosmogonia em ação, um cosmo em forma de pessoa humana. O homem senhor de sua vontade tende a se tornar único e parte de sua raça. É seu próprio apoio e ao mesmo tempo parte integrante de um todo maior, de uma congregação planetária chamada raça humana.
O casal deve perseguir, cada um, seu crescimento particular ao nível da alma, ainda que contando com o apoio do outro, ou não e ao mesmo tempo, compartilhar com o outro de suas necessidades e carências ao nível da persona, do material, do carnal, do emocional, do psíquico no dia-a-dia.

Conversando com um amigo, ouvi o seguinte comentário: A mulher que eu quero pra mim deve ser aquela mulher que vai estar me esperando quando eu chegar cansado do trabalho, com a comida quentinha na mesa, com um sorriso nos lábios e cheirosa.
Esse é um típico comentário de um componente do casal que visa um relacionamento puramente fincado nos aspectos da persona.
Meu comentário a ele foi no sentido de abordar a questão sob outra ótica, eu lhe disse: Você não prefere olhar pela ótica dos princípios. O que acha de querer uma mulher que seja fiel, amiga, generosa, prudente, respeitosa...
Esses princípios éticos abrangem toda uma gama de comportamentos positivos num relacionamento e vão dar uma tônica não egoísta.
Certamente não deve ser apenas um discurso, mas um foco em princípios. São termos abstratos e que, embora subjetivos, descrevem comportamentos voltados a uma união inteiramente salutar para ambos.

É impossível um bom relacionamento que não esteja pautado em um conjunto mínimo de afinidades, sejam elas, intelectuais, temperamentais, ou objetivos particulares.
Depois que fazemos nossas escolhas no período do namoro, o casamento deve confirmar essas escolhas de forma prática.

Meu amigo me disse que buscava uma mulher que fosse da igreja, mas não freqüentava a igreja para conquista-la e sim as baladas. Quando começava a namorar alguma mulher da balada, mesmo que ela lhe dissesse que freqüentava a igreja não lhe agradava por seu comportamento festeiro. Essa é uma clássica falta de ética pessoal, diz-se uma coisa e faz-se outra. Assim, atrai pessoas semelhantes.
Nesse sentido, a ética tem a ver com alinhamento. Uma pessoa ética deve pensar, falar, sentir e fazer a mesma coisa. Pensar uma coisa, falar outra e fazer outra, certamente vai produzir sentimentos de confusão. Essa não-ética desenvolve frustração e nunca vai satisfazer os desejos contraditórios. Num relacionamento, esse modo de ser mina a confiança mútua e não estabelece afinidades.

Quando os dois componentes do casal estão buscando em sua vida particular, uma vontade superior, os conteúdos éticos vão produzir uma relação duradoura e estável.
Vontade superior é aquela que busca o bem comum, a felicidade mútua, as melhores escolhas.
Só assim é possível ser feliz no casamento.
Santo Agostinho nos deixou uma boa solução, pautada no amor. "Ama e faz o que quiseres"

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Finalmente me decidi pela separação !!!


Os registros daquela noite foram fortes o bastante para desconfigurar o modus vivendi da minha esposa.
Cheguei em casa bem diferente do habitual. Era uma daquelas vezes em que uma determinação forte como uma onda tsunami tomara conta de mim.
Foi tão forte que acabou tomando conta dela também.
Explicar o que aconteceu não dá.
Mas, dá pra fazer uma rememoração dos fatos.
O fato principal é que eu decidi me separar, sair de casa, morar sozinho, mudar radicalmente de vida. Não via mais outra opção e não queria mais aquela que tinha.
A opção que tinha era uma que lembra mais uma visão do inferno. Bem, pelo menos pra mim.
Desempregado há quase seis meses. Tentava um trabalho sem vínculo como representante numa empresa que me oferecia ajuda de custo para o combustível, a qual usava para apagar incêndios junto com o que ela recebia. Morando na casa da sogra ha quase tres anos. Casa não, apertamento. Sim, pois viver em oito num apartamento de dois dormitórios de 62 metros quadrados está mais para vestibular para peixe de aquário. Minha família era a maioria com cinco membros, sendo eu, minha esposa, nosso filho mais velho de dezesseis, nossa filha de oito e o casula de seis. Como os dois quartos já eram habitados pela minha sogra e pelas duas filhas solteiras, nós cinco dormíamos na sala. Só havia uma cama de solteiro que foi adaptada atrás da estante da sala transformando o cômodo em dois ambientes. Vários colchões eram posicionados todas as noites pelo chão para o sono necessário de todos. As crianças menores se acotovelavam no rolar infantil noturno junto com a mãe que recebia as pesadas e joelhadas de ambos.
Dívidas a perder a conta por quase cinco anos sem solução de continuidade a não ser de permanência. As relações complicadas com os humores indefinidos da sogra já não me permitiam pensar como um ser da espécie Homo-Sapiens-Sapiens. Eu era definitivamente um barco sem leme, ancorado no centro de algum oceano e sem gps.

O começo do fim.

O início da nossa queda no buraco negro sem fim, foi a cinco anos quando eu tomei um dos piores rumos que um homem não deve nunca tomar enquanto casado.
Antes dessa terrível atitude equivocada, já havia tomado outro caminho errado sobre minha vida profissional que me levou a essa outra bifurcação onde pela segunda vez tomei outro caminho errado.
As duas decisões foram o resultado de uma repetição do mesmo erro.
Na primeira decisão errada eu perdi o rumo da minha vida profissional. Na segunda decisão errada eu perdi o rumo do meu casamento.
Quando não mais havia o que fazer da primeira decisão, nós perdemos nossa empresa.
Quando não havia mais o que fazer da segunda decisão nós perdemos nosso casamento. Ou melhor, quase perdemos. Não fosse pela decisão de acabar com ele.

Não há casamento que resista a negação de uma das partes por si mesmo.

Se existe algo que negligenciamos sem nos darmos conta dos terríveis estragos que podem nos causar a médio e longo prazo, esse algo é nossa auto-estima.
Dez anos atrás, me sentia arrasado como profissional. Não consegui cursar a faculdade dos meus sonhos por falta de dinheiro para pagar as mensalidades. Pedi ajuda para meus tios que me negaram por achar que o curso que eu escolhi não me daria dinheiro no futuro. Mal sabiam eles que era minha vocação. Ter entrado em Psicologia na Universidade São Judas foi uma grande vitória e realização que durou muito pouco pra mim. Não tive ajuda de meu pai e não consegui um emprego que me desse condições de continuar os estudos. Depois disso casei com minha esposa grávida e nunca mais consegui me acertar financeiramente. O sonho da faculdade foi ficando pra depois. O dela então, nem na gaveta foi guardado, foi direto pro baú. Já não conseguia me acertar profissionalmente. Permanecia pouco tempo em cada empresa que entrava. Não soube planejar minha carreira. Meu pai ficou vinte anos jogando na minha cara o fato de eu não ter permanecido na indústria onde ele me "obrigou" a entrar aos quatorze anos quando me introduziu no SENAI para fazer o curso de mecânica Geral, que eu não queria. Oito anos de indústria como peão de chão de fábrica foi o bastante para quase cauterizar minhas verdadeiras vocações.
Vocação é coisa muito séria que vou tratar em outro capítulo, mas quero alertar desde já os pais: não negligencie esse fato na vida de seu filho. Você pode estar anulando um ser cortando sua razão de vida pela raiz.
Eu não sabia, mas nesse ponto de minha caminhada, a auto estima que eu ainda possuía só me dava condições de escolher o itinerário do ônibus a tomar a cada dia.
As escolhas maiores foram sendo decididas pelos meus empregadores que já estavam me usando como um joguete de suas escolhas egoístas sem que eu percebesse. Eu já era uma náu sem rumo e sem saber.
Estava ao sabor do vento.
Não percebi que minhas feições foram ficando carrancudas. E eu só estava com trinta e seis anos!
Quando aquele que se dizia meu amigo se aproximou com aquele jeito esfuziantemente feliz pela segunda vez se dizendo o salvador da minha pátria e me oferecendo um trabalho que me tornaria rico em pouco tempo, não consegui definir muito bem do que se tratava. Aquela felicidade excessiva não fazia parte de minha vida. Safei-me.
Meses depois, num novo encontro arranjado pelo destino, me convidou mais uma vez para conhecer a empresa que ele havia me dito que ia montar no primeiro encontro. Dessa vez resolvi conferir. Fui até o endereço na Av. Paulista, esquina com a Brigadeiro onde num andar inteiro ele estava instalando sua escola.
A promessa era que com apenas mil e quinhentos reais me fariam proprietário de uma franquia de sua escola. Aquele enorme potencial para estimular, motivar e depois usar as características das pessoas era algo novo para mim. Tinha a ver com um modelo de liderança que ele estava absorvendo de uma empresa americana de marketing multi-nível que teve poder para alterar todo o rumo de sua vida financeira, econômica, material, social.
Foi minha primeira terrível decisão. Aceitar o convite para ser seu tutelado. Meu erro foi acreditar que não podia mais acreditar em mim e que devia acreditar nele.
Podia ter sido qualquer outra pessoa, o erro maior não era por ele, mas pelo que eu fiz comigo mesmo. Em no máximo três anos ele saiu de um carro velho enferrujado e de uma situação de moradia onde estava para ser despejado para carros importados e morando numa casa própria com piscina em bairro nobre de um município do ABC paulista. Acho que isso reforçou minha visão de incompetência própria e me fez acreditar que eu tinha que adotar novas formas de encarar minha vida profissional.

Auto-imagem negativa.

Confusões a parte, a verdade é que ninguém sobe mais alto que o limite de seu próprio teto pessoal. E esse teto pessoal é construído por cada um de nós ao longo do tempo. A maneira como o construímos é edificando no campo psíquico - emoções e sentimentos, visões criadas pela mente de onde se pode chegar - e ninguém mais do que cada um de nós é quem constrói individualmente esse limite de vida pessoal e intransferível.
Cada um dará conta de sua própria vida, diz as escrituras sagradas, a Bíblia. Nada mais verdadeiro. Claro que o trecho é aplicado a uma verdade ainda maior mas, num contexto menor, como o que estou abordando, também cabe.
A mesma energia mental é gasta tanto por um homem de mente milionária quando compra um carro novo caríssimo quanto por um homem com mente medíocre quando compra um pãozinho para sobreviver.
A diferença entre os dois reside, por incrível que pareça em sua auto-imagem. Cada uma dessas pessoas acredita num conjunto de possibilidades. Um em possibilidades de conquista o outro em possibilidades de derrota. Esse conjunto de crenças internas não é simples de relatar. É na verdade uma teia de imagens complexas acalentadas ao longo da vida. Herdadas da criação familiar, das influências de professores, de parentes, de amigos e demais relações sociais e experiências particulares pessoais, inclusive com livros, filmes, etc.
Meu conjunto de crenças acerca de minha capacidade profissional estava me levando para um total anulação de mim mesmo. Decidi aceitar.

Novos rumos, novas paisagens.

Quando se olha para o mar pela primeira vez, nosso mundo cresce. Um novo horizonte se abre. Nessa experiência queremos alcanças o horizonte que vislumbramos à nossa frente sem ter conhecimento de que ele na realidade não existe de fato. Não podemos enxergar depois da curvatura da terra. Nossa visão não faz curvas, apenas consegue olhar reto. Assim, precisamos caminhar um pouco por vez para que possamos ter uma visão de todo o caminho. Cada novo horizonte que vislumbramos desperta a sede por possuí-lo.
Aqui está o princípio onde aprendemos pela experiência. Precisamos caminhar.
O que nos faz caminhar é nossa condição de vivos. O que nos faz tomar um caminho ao invés de outro é a qualidade de nossa auto imagem.
Nossos caminhos de vida são interioridades manifestadas. Nunca sabemos o que vamos alcançar no final do horizonte antes de chegarmos lá efetivamente. É certo que, quando nos aproximamos do final do caminho, antes de chegarmos lá já podemos vislumbrar o seu final. Mas, infelizmente quando o final do caminho não era o que esperávamos, muitas vezes não há mais meios de retroceder.
Hoje vejo claramente os erros que cometi. Não tinha olhos pra ver naquela época. Lembro hoje o que sentia sobre minha decisão da época. Era um misto de incerteza e dúvida, misturada com a vontade de resolver. A vontade de resolver foi a boa intenção que me levou pro buraco por causa de uma escolha errada.
Minha escolha foi minha nova medida. A altura de meu teto pessoal acabava de ser rebaixada.

A felicidade está no caminho da melhor escolha.

Deus nos fez assim, só podemos ser felizes na medida em que escolhemos pelo melhor. Não há outra maneira de isso acontecer.
Um caminho mal tomado, uma decisão mal tomada faz com que passemos a ser perseguidos pela vontade de acertar.
Certamente você já fez alguma escolha ruim de que pode se lembrar agora. E também consegue identificar esse desejo constante em seu coração por escolher de novo.
Deus nos fez assim, com a capacidade de escolher cada vez melhor. Ele nos colocou num jogo de regra fixa. Toda vez que nossas escolhas forem erradas, a história se repete com outra roupagem, com outro cenário, de maneira a nos dar novamente a possibilidade de escolha.
Se fizermos a escolha errada novamente a história vai se repetir com outro cenário, outro "staff". A escolha errada não é a da vida que vale a pena ser vivida. É a da vida dolorosa da experiência que ensina.
Quando nossa vida está muito ruim, sabemos que fizemos escolhas erradas pois não é essa a vida que vale a pena viver. Esse é o cenário de um filme de terror.
Mas, já não dá pra voltar pelo caminho. É necessário chegar no fim. O importante agora é chegar bem. E para isso acontecer precisamos melhorar nossa auto imagem. Precisamos gostar mais de nós mesmos, precisamos nos aprovar mais, buscar coragem lá dentro de nosso ser, em nosso espírito.
Se já não vale a pena chorar pelo leite derramado, ainda vale colocar mais leite no prato com cuidado para não derramar de novo.
Vale chegar com a consciência de que podemos acertar na próxima vez em que nos depararmos com a bifurcação. E ela vai chegar de novo, tenha certeza, pois esse é o jogo na qual estamos inseridos. Errou, volta e faz de novo. A vida não anda enquanto não decidirmos pelo melhor.

Acabe com esse casamento ruim

Seu casamento está ruim? então acabe com ele. Escolha viver seu casamento dos sonhos, foi pra isso que você casou, lembra?
Acabe com os resultados provenientes das más escolhas que fez em seu casamento. Pegue a nova via do caminho que se mostra a sua frente e decida pelo novo. Aquele novo que na verdade só é novo porque nunca foi vivido. Mas é o mesmo casamento.
Não acredite nessa mentira de que não dá mais pra continuar, são suas escolhas que te fizeram acreditar nisso. Essas escolhas ruins que ao longo do tempo não te deram chance de vislumbrar um horizonte melhor. E toda vez que você chega no final de cada caminhada o que vê não é o que esperava.
Escolha melhorar sua visão de si mesmo pois o caminho a trilhar é interno. Plante seu jardim para que lá na frente você tenha flores para vislumbra com perfume e cor.
Não despreze mais seu marido ou esposa, assim está primeiro desprezando a si mesmo. Mas, acabe com esse casamento que você construiu sobre bases erradas.
Transforme-se na pessoa que sempre quis ser, mesmo que seja em detrimento do outro, pois essa é a única forma de salvar seu casamento. A escolha pela felicidade dentro do casamento é a melhor saída para quem está infeliz nele. Não é saindo dele que se resolve. Se você tem acreditado nisso é por que suas escolhas erradas tem sido maiores que suas escolhas acertadas. É mais provável que você nunca mais consiga ser feliz se sair de seu casamento.
É claro que para muitos casos essa pode ser a única saída, mas não estou me referindo a esposa que deseja agora parar de apanhar do marido que lhe espanca quando chega em casa bêbado por vinte anos. Falo com os casais cujos casos não são crônicos.
É absolutamente certo que o princípio para a melhoria do casamento crônico também reside na mesma mudança de atitude. Em passar a fazer melhores escolhas. Em ampliar a consciência sobre escolhas melhores para si e para seu companheiro. É sempre dar um salto de qualidade nas decisões a viver. Mas, ainda é cedo para esperar essa decisão no caso de um casamento com situação ruim crônica. Vamos caminhar um pouco mais nesse caminho de escolhas acertadas.
Por hora, medite na possibilidade de realizar melhores escolhas. Medite até encontrar quais foram ou qual foi sua má escolha. Aquela que levou seu casamento para essa situação. Pense em tudo o que se relaciona com seu casamento. Cada detalhe, cada motivo, cada momento de escolha que fez para que se tornasse o que se tornou.
E vamos para o próximo passo.