segunda-feira, 28 de abril de 2008

Finalmente me decidi pela separação !!!


Os registros daquela noite foram fortes o bastante para desconfigurar o modus vivendi da minha esposa.
Cheguei em casa bem diferente do habitual. Era uma daquelas vezes em que uma determinação forte como uma onda tsunami tomara conta de mim.
Foi tão forte que acabou tomando conta dela também.
Explicar o que aconteceu não dá.
Mas, dá pra fazer uma rememoração dos fatos.
O fato principal é que eu decidi me separar, sair de casa, morar sozinho, mudar radicalmente de vida. Não via mais outra opção e não queria mais aquela que tinha.
A opção que tinha era uma que lembra mais uma visão do inferno. Bem, pelo menos pra mim.
Desempregado há quase seis meses. Tentava um trabalho sem vínculo como representante numa empresa que me oferecia ajuda de custo para o combustível, a qual usava para apagar incêndios junto com o que ela recebia. Morando na casa da sogra ha quase tres anos. Casa não, apertamento. Sim, pois viver em oito num apartamento de dois dormitórios de 62 metros quadrados está mais para vestibular para peixe de aquário. Minha família era a maioria com cinco membros, sendo eu, minha esposa, nosso filho mais velho de dezesseis, nossa filha de oito e o casula de seis. Como os dois quartos já eram habitados pela minha sogra e pelas duas filhas solteiras, nós cinco dormíamos na sala. Só havia uma cama de solteiro que foi adaptada atrás da estante da sala transformando o cômodo em dois ambientes. Vários colchões eram posicionados todas as noites pelo chão para o sono necessário de todos. As crianças menores se acotovelavam no rolar infantil noturno junto com a mãe que recebia as pesadas e joelhadas de ambos.
Dívidas a perder a conta por quase cinco anos sem solução de continuidade a não ser de permanência. As relações complicadas com os humores indefinidos da sogra já não me permitiam pensar como um ser da espécie Homo-Sapiens-Sapiens. Eu era definitivamente um barco sem leme, ancorado no centro de algum oceano e sem gps.

O começo do fim.

O início da nossa queda no buraco negro sem fim, foi a cinco anos quando eu tomei um dos piores rumos que um homem não deve nunca tomar enquanto casado.
Antes dessa terrível atitude equivocada, já havia tomado outro caminho errado sobre minha vida profissional que me levou a essa outra bifurcação onde pela segunda vez tomei outro caminho errado.
As duas decisões foram o resultado de uma repetição do mesmo erro.
Na primeira decisão errada eu perdi o rumo da minha vida profissional. Na segunda decisão errada eu perdi o rumo do meu casamento.
Quando não mais havia o que fazer da primeira decisão, nós perdemos nossa empresa.
Quando não havia mais o que fazer da segunda decisão nós perdemos nosso casamento. Ou melhor, quase perdemos. Não fosse pela decisão de acabar com ele.

Não há casamento que resista a negação de uma das partes por si mesmo.

Se existe algo que negligenciamos sem nos darmos conta dos terríveis estragos que podem nos causar a médio e longo prazo, esse algo é nossa auto-estima.
Dez anos atrás, me sentia arrasado como profissional. Não consegui cursar a faculdade dos meus sonhos por falta de dinheiro para pagar as mensalidades. Pedi ajuda para meus tios que me negaram por achar que o curso que eu escolhi não me daria dinheiro no futuro. Mal sabiam eles que era minha vocação. Ter entrado em Psicologia na Universidade São Judas foi uma grande vitória e realização que durou muito pouco pra mim. Não tive ajuda de meu pai e não consegui um emprego que me desse condições de continuar os estudos. Depois disso casei com minha esposa grávida e nunca mais consegui me acertar financeiramente. O sonho da faculdade foi ficando pra depois. O dela então, nem na gaveta foi guardado, foi direto pro baú. Já não conseguia me acertar profissionalmente. Permanecia pouco tempo em cada empresa que entrava. Não soube planejar minha carreira. Meu pai ficou vinte anos jogando na minha cara o fato de eu não ter permanecido na indústria onde ele me "obrigou" a entrar aos quatorze anos quando me introduziu no SENAI para fazer o curso de mecânica Geral, que eu não queria. Oito anos de indústria como peão de chão de fábrica foi o bastante para quase cauterizar minhas verdadeiras vocações.
Vocação é coisa muito séria que vou tratar em outro capítulo, mas quero alertar desde já os pais: não negligencie esse fato na vida de seu filho. Você pode estar anulando um ser cortando sua razão de vida pela raiz.
Eu não sabia, mas nesse ponto de minha caminhada, a auto estima que eu ainda possuía só me dava condições de escolher o itinerário do ônibus a tomar a cada dia.
As escolhas maiores foram sendo decididas pelos meus empregadores que já estavam me usando como um joguete de suas escolhas egoístas sem que eu percebesse. Eu já era uma náu sem rumo e sem saber.
Estava ao sabor do vento.
Não percebi que minhas feições foram ficando carrancudas. E eu só estava com trinta e seis anos!
Quando aquele que se dizia meu amigo se aproximou com aquele jeito esfuziantemente feliz pela segunda vez se dizendo o salvador da minha pátria e me oferecendo um trabalho que me tornaria rico em pouco tempo, não consegui definir muito bem do que se tratava. Aquela felicidade excessiva não fazia parte de minha vida. Safei-me.
Meses depois, num novo encontro arranjado pelo destino, me convidou mais uma vez para conhecer a empresa que ele havia me dito que ia montar no primeiro encontro. Dessa vez resolvi conferir. Fui até o endereço na Av. Paulista, esquina com a Brigadeiro onde num andar inteiro ele estava instalando sua escola.
A promessa era que com apenas mil e quinhentos reais me fariam proprietário de uma franquia de sua escola. Aquele enorme potencial para estimular, motivar e depois usar as características das pessoas era algo novo para mim. Tinha a ver com um modelo de liderança que ele estava absorvendo de uma empresa americana de marketing multi-nível que teve poder para alterar todo o rumo de sua vida financeira, econômica, material, social.
Foi minha primeira terrível decisão. Aceitar o convite para ser seu tutelado. Meu erro foi acreditar que não podia mais acreditar em mim e que devia acreditar nele.
Podia ter sido qualquer outra pessoa, o erro maior não era por ele, mas pelo que eu fiz comigo mesmo. Em no máximo três anos ele saiu de um carro velho enferrujado e de uma situação de moradia onde estava para ser despejado para carros importados e morando numa casa própria com piscina em bairro nobre de um município do ABC paulista. Acho que isso reforçou minha visão de incompetência própria e me fez acreditar que eu tinha que adotar novas formas de encarar minha vida profissional.

Auto-imagem negativa.

Confusões a parte, a verdade é que ninguém sobe mais alto que o limite de seu próprio teto pessoal. E esse teto pessoal é construído por cada um de nós ao longo do tempo. A maneira como o construímos é edificando no campo psíquico - emoções e sentimentos, visões criadas pela mente de onde se pode chegar - e ninguém mais do que cada um de nós é quem constrói individualmente esse limite de vida pessoal e intransferível.
Cada um dará conta de sua própria vida, diz as escrituras sagradas, a Bíblia. Nada mais verdadeiro. Claro que o trecho é aplicado a uma verdade ainda maior mas, num contexto menor, como o que estou abordando, também cabe.
A mesma energia mental é gasta tanto por um homem de mente milionária quando compra um carro novo caríssimo quanto por um homem com mente medíocre quando compra um pãozinho para sobreviver.
A diferença entre os dois reside, por incrível que pareça em sua auto-imagem. Cada uma dessas pessoas acredita num conjunto de possibilidades. Um em possibilidades de conquista o outro em possibilidades de derrota. Esse conjunto de crenças internas não é simples de relatar. É na verdade uma teia de imagens complexas acalentadas ao longo da vida. Herdadas da criação familiar, das influências de professores, de parentes, de amigos e demais relações sociais e experiências particulares pessoais, inclusive com livros, filmes, etc.
Meu conjunto de crenças acerca de minha capacidade profissional estava me levando para um total anulação de mim mesmo. Decidi aceitar.

Novos rumos, novas paisagens.

Quando se olha para o mar pela primeira vez, nosso mundo cresce. Um novo horizonte se abre. Nessa experiência queremos alcanças o horizonte que vislumbramos à nossa frente sem ter conhecimento de que ele na realidade não existe de fato. Não podemos enxergar depois da curvatura da terra. Nossa visão não faz curvas, apenas consegue olhar reto. Assim, precisamos caminhar um pouco por vez para que possamos ter uma visão de todo o caminho. Cada novo horizonte que vislumbramos desperta a sede por possuí-lo.
Aqui está o princípio onde aprendemos pela experiência. Precisamos caminhar.
O que nos faz caminhar é nossa condição de vivos. O que nos faz tomar um caminho ao invés de outro é a qualidade de nossa auto imagem.
Nossos caminhos de vida são interioridades manifestadas. Nunca sabemos o que vamos alcançar no final do horizonte antes de chegarmos lá efetivamente. É certo que, quando nos aproximamos do final do caminho, antes de chegarmos lá já podemos vislumbrar o seu final. Mas, infelizmente quando o final do caminho não era o que esperávamos, muitas vezes não há mais meios de retroceder.
Hoje vejo claramente os erros que cometi. Não tinha olhos pra ver naquela época. Lembro hoje o que sentia sobre minha decisão da época. Era um misto de incerteza e dúvida, misturada com a vontade de resolver. A vontade de resolver foi a boa intenção que me levou pro buraco por causa de uma escolha errada.
Minha escolha foi minha nova medida. A altura de meu teto pessoal acabava de ser rebaixada.

A felicidade está no caminho da melhor escolha.

Deus nos fez assim, só podemos ser felizes na medida em que escolhemos pelo melhor. Não há outra maneira de isso acontecer.
Um caminho mal tomado, uma decisão mal tomada faz com que passemos a ser perseguidos pela vontade de acertar.
Certamente você já fez alguma escolha ruim de que pode se lembrar agora. E também consegue identificar esse desejo constante em seu coração por escolher de novo.
Deus nos fez assim, com a capacidade de escolher cada vez melhor. Ele nos colocou num jogo de regra fixa. Toda vez que nossas escolhas forem erradas, a história se repete com outra roupagem, com outro cenário, de maneira a nos dar novamente a possibilidade de escolha.
Se fizermos a escolha errada novamente a história vai se repetir com outro cenário, outro "staff". A escolha errada não é a da vida que vale a pena ser vivida. É a da vida dolorosa da experiência que ensina.
Quando nossa vida está muito ruim, sabemos que fizemos escolhas erradas pois não é essa a vida que vale a pena viver. Esse é o cenário de um filme de terror.
Mas, já não dá pra voltar pelo caminho. É necessário chegar no fim. O importante agora é chegar bem. E para isso acontecer precisamos melhorar nossa auto imagem. Precisamos gostar mais de nós mesmos, precisamos nos aprovar mais, buscar coragem lá dentro de nosso ser, em nosso espírito.
Se já não vale a pena chorar pelo leite derramado, ainda vale colocar mais leite no prato com cuidado para não derramar de novo.
Vale chegar com a consciência de que podemos acertar na próxima vez em que nos depararmos com a bifurcação. E ela vai chegar de novo, tenha certeza, pois esse é o jogo na qual estamos inseridos. Errou, volta e faz de novo. A vida não anda enquanto não decidirmos pelo melhor.

Acabe com esse casamento ruim

Seu casamento está ruim? então acabe com ele. Escolha viver seu casamento dos sonhos, foi pra isso que você casou, lembra?
Acabe com os resultados provenientes das más escolhas que fez em seu casamento. Pegue a nova via do caminho que se mostra a sua frente e decida pelo novo. Aquele novo que na verdade só é novo porque nunca foi vivido. Mas é o mesmo casamento.
Não acredite nessa mentira de que não dá mais pra continuar, são suas escolhas que te fizeram acreditar nisso. Essas escolhas ruins que ao longo do tempo não te deram chance de vislumbrar um horizonte melhor. E toda vez que você chega no final de cada caminhada o que vê não é o que esperava.
Escolha melhorar sua visão de si mesmo pois o caminho a trilhar é interno. Plante seu jardim para que lá na frente você tenha flores para vislumbra com perfume e cor.
Não despreze mais seu marido ou esposa, assim está primeiro desprezando a si mesmo. Mas, acabe com esse casamento que você construiu sobre bases erradas.
Transforme-se na pessoa que sempre quis ser, mesmo que seja em detrimento do outro, pois essa é a única forma de salvar seu casamento. A escolha pela felicidade dentro do casamento é a melhor saída para quem está infeliz nele. Não é saindo dele que se resolve. Se você tem acreditado nisso é por que suas escolhas erradas tem sido maiores que suas escolhas acertadas. É mais provável que você nunca mais consiga ser feliz se sair de seu casamento.
É claro que para muitos casos essa pode ser a única saída, mas não estou me referindo a esposa que deseja agora parar de apanhar do marido que lhe espanca quando chega em casa bêbado por vinte anos. Falo com os casais cujos casos não são crônicos.
É absolutamente certo que o princípio para a melhoria do casamento crônico também reside na mesma mudança de atitude. Em passar a fazer melhores escolhas. Em ampliar a consciência sobre escolhas melhores para si e para seu companheiro. É sempre dar um salto de qualidade nas decisões a viver. Mas, ainda é cedo para esperar essa decisão no caso de um casamento com situação ruim crônica. Vamos caminhar um pouco mais nesse caminho de escolhas acertadas.
Por hora, medite na possibilidade de realizar melhores escolhas. Medite até encontrar quais foram ou qual foi sua má escolha. Aquela que levou seu casamento para essa situação. Pense em tudo o que se relaciona com seu casamento. Cada detalhe, cada motivo, cada momento de escolha que fez para que se tornasse o que se tornou.
E vamos para o próximo passo.